Por: Mateus Schuler
Nem mesmo o torcedor mais pessimista ou otimista do Central esperava que a campanha tivesse tais números. É por “Empatativa” que pode ser chamado o time neste início de Série D do Campeonato Brasileiro. Sem empolgar, mas também sem tanto sofrimento, a Patativa ainda não deixou sua torcida feliz, porém não a decepcionou, uma vez que foram seis empates em seis jogos.
O – talvez – fato mais curioso acerca da equipe é fora das quatro linhas. Desde o começo da competição, há pouco mais de um mês, o técnico Sílvio Criciúma foi demitido três vezes, contudo o elenco bateu o pé e a diretoria o manteve no cargo. Na última, nesta semana, houve ameaça de greve do plantel também por problemas internos. Nesta análise, o Pernambutático procura explicar como foi a postura para não haver nem vitórias, nem derrotas, com auxílio do setorista Fagner Andrade.
Nos quatro primeiros confrontos, o treinador centralino manteve o 4-2-1-3 utilizado no Campeonato Pernambucano, com apenas a entrada do jovem Lucão na zaga no lugar de Janelson. A indefinição entre os 11 ficava somente na cabeça de área, com Gustavo Henrique e Hebert disputando a única vaga em aberto, com Hebert sendo escolhido: Jerfesson; Leanderson Polegar, Lucão, Filipe Costa e Evandro; Janderson Maia e Hebert; Doda; Leandro Soares, Leandro Costa e Adaílson.

Uma das partidas com o esquema acionado foi contra o Itabaiana, na 2ª rodada. Na ocasião, foi notável como havia uma bagunça tática do meio ao ataque, sem os jogadores conseguirem mostrar posicionamento fixo. Nessa ocasião, os atacantes de beirada estavam recuados e em linha, tal como os volantes, já o meia armador e o centroavante ficaram fora da posição; na partida, a Patativa ficou no empate em 2×2 no Lacerdão.

Uma das principais armas do alvinegro caruaruense é o lateral-esquerdo Evandro, cria da base do Sport. Ao contrário de Leanderson Polegar, que vem tendo um 2020 mais apagado que 2019 e atua pelo lado direito, o ala formado no Leão vem chegando mais intenso ao ataque, apesar dos erros serem mais frequentes no último setor do campo.
Não por acaso, foram cinco gols marcados nos seis compromissos, sendo três – um com assistência direta – vindo do lado esquerdo do campo; um foi de pênalti e o outro veio de escanteio pela direita. No jogo com os sergipanos ficou bem evidente, com dois passes originados justamente por esse espaço no setor ofensivo.

Mesmo com a ausência de muitas jogadas pela direita, em alguns momentos houve a tentativa. A fase ruim de Polegar, inclusive, foi o motivo dessa insistência pelo lado oposto. Diante do Vitória da Conquista no Lacerdão, na última rodada em casa, o lateral dos caruaruenses apoiou mais quem estava caindo na beirada que criou o lance em si.

Nas duas últimas partidas, sentindo a falta de criatividade ofensiva, Sílvio viu a necessidade de mudar a estrutura do time. Sacando um dos homens da frente e povoando mais o meio, promoveu a entrada de Aruá na vaga que era ocupada por Adaílson, dando maior dinâmica e mobilidade ao meio-campo.

Com a modificação, Doda ganhou um companheiro na armação de jogadas e a equipe ganhou na criação. A dupla de ataque, por outro lado, ficou sem tantas obrigações na marcação, voltando menos para recompor e o sistema defensivo ficando com duas linhas de 4; tal postura foi vista principalmente no último confronto, contra o Freipaulistano, no empate sem gols.

O próximo confronto do Central será neste domingo (18), cheio de polêmicas extracampo, frente ao Coruripe pela 7ª rodada fechando o primeiro turno da competição. Sem Evandro e Doda, cumprindo suspensão, o comandante da Patativa deve definir os 11 com: Jerfesson; Leanderson Polegar, Lucão, Filipe Costa e Wendell; Janderson Maia, Hebert, Gustavo Henrique e Aruá; Leandro Soares e Leandro Costa. A equipe ocupa a 7ª posição, com seis pontos, e um triunfo a aproxima do grupo de classificação à próxima fase.
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