Nem força, nem raça: análise do 1º turno do Náutico na Série B

Por: Felipe Holanda e Mateus Schuler

O Náutico não fez jus a um dos versos mais emblemáticos do seu hino nesta Série B do Brasileiro: não demonstrou força, nem raça. As atuações apáticas no 1° turno renderam ao Timbu um lugar no Z-4, porém, com um jogo a menos; o confronto com o Sampaio Corrêa foi adiado por conta da Covid-19.

Nesta análise, o Pernambutático disseca a performance do alvirrubro na primeira metade do certame, que acabou surpreendendo – negativamente – a torcida, com a formação mais tática mais utilizada, números do time, pontos fortes e fracos, e muito mais.

COMEÇO CAPENGANTE

Ainda sob a batuta de Gilmar Dal Pozzo, o Náutico iniciou a competição capengando, apesar da grande expectativa do torcedor, já que o time da Rosa e Silva vinha do título da Série C na temporada passada. Logo na estreia, péssima atuação e derrota mais do que merecida para o Avaí, por 3 x 1, na Ressacada.

A tática mais utilizada com Dal Pozzo foi o 4-2-3-1, com Jorge Henrique como uma espécie de falso nove. Apesar de preencher os espaços, o alvirrubro tinha uma transição muito lenta e não ficava muito tempo com a bola. Quando a tinha, era pouco produtivo; outra opção era o 4-3-3.

Uma das alternativas de Dal Pozzo foi o 4-2-3-1, mas sem sucesso (Feito no TacticalPad)

A esperada reação não veio na segunda rodada, em empate sem gols contra o Operário, nos Aflitos. Na ocasião, o time voltou a jogar mal e parecia desmotivado, o principal sintoma de quando o treinador perde o elenco, resultando na demissão de Gilmar.

POMPA DE VENCEDOR

Para resolver o problema de produção do time, a diretoria do Timbu anunciou a contratação de Gilson Kleina, que chegou aos Aflitos com pompa de vencedor – já havia conseguido dois acessos à Série A, com Palmeiras e Ponte Preta. A estreia foi um promissor empate com o Vitória, em Salvador, que não valeu os três pontos, mas serviu para renovar as esperanças da torcida; diante dos rubro-negros, Kleina comandou o time das cabines do Barradão.

A primeira vez à beira do gramado foi no jogo frenético contra o Juventude, no Eládio de Barros Carvalho. O alvirrubro atuou em boa parte do jogo no 4-2-3-1, com apenas Salatiel mais à frente, mas falhou muito e sofreu três gols bobos, empatando por 3 x 3 a duríssimas penas.

Disposição tática Timbu em ataque adversário (Imagem: Sportv/Premiere)

Um dos pontos positivos que merece ser destacado é a parceria entre Wilian Simões e Jean Carlos, que costumam se entender bem pelo lado esquerdo. Um dos gols contra os gaúchos saiu exatamente assim, com Jean estufando as redes no rebote.

Dupla de canhotos surtiu efeito algumas vezes (Imagem: Sportv)

A primeira vitória veio com uma mudança tática durante o jogo. Frente ao Guarani, no Brinco de Ouro, o Timbu iniciou no 4-5-1, porém Kleina alterou ao 4-2-2-2 – com dois centroavantes – e saiu vitorioso nos minutos finais, sendo recompensa ao comandante por promover a alternância e buscar o triunfo.

A segunda foi logo na sequência, contra o Figueirense, em casa. Na ocasião, os comandados de Gilson Kleina se postaram bem na defesa e venceram com um gol solo de Dadá Belmonte. Com os três pontos, o alvirrubro se aproximou do G-4 e a torcida voltou a sonhar com o acesso.

Alvirrubros terminaram partida contra o Guarani no 4-2-2-2 (Feito no TacticalPad)

A derrota para o Brasil de Pelotas, em seguida, foi considerada até normal e só aconteceu por dois erros individuais: um do goleiro Jefferson que falhou no primeiro gol e outro do árbitro que marcou pênalti inexistente no segundo. Além disso, a equipe venceu bem no compromisso subsequente, fazendo 3 x 1 no Botafogo-SP.

O primeiro resultado frustrante foi diante da Chapecoense, quando a equipe de Rosa e Silva vencia até os 49 do segundo tempo, minuto que saiu o gol de empate. Contra os catarinenses, pouca inspiração ofensiva e vacilos defensivos que custaram caro.

DA ASCENSÃO À QUEDA

Até que o sonho começou a ter requintes de pesadelo e o Náutico engatou uma sequência de seis jogos sem vencer. Começou perdendo para o líder Cuiabá, em atuação apagada, mas que podia ser explicada pela superioridade do time adversário.

A mesma justificava não serve, contudo, para a derrota ante o Confiança, na sequência, nos Aflitos. O Timbu sofreu muito pelo lado direito da defesa com Reis, extremo esquerdo do Dragão, o dono da partida. Agravando ainda mais o fraco desempenho, a inoperância alvirrubra no ataque foi notável, com os principais jogadores ofensivos pouco inspirados.

Marcação contra o Dragão (Imagem: Premiere)

Contra o Paraná, quando empatou sem gols, os alvirrubros até tiveram boa apresentação, pois seguraram um adversário bem colocado na tabela. Kleina apostou por dar mais poder ofensivo, com Ruy e Jean de meias, porém o Timbu não conseguiu ser efetivo nas poucas finalizações que teve; por outro lado, mostrou boa postura defensiva, segurando o ritmo dos paranistas.

Timbu foi mais ofensivo em jogo com o Paraná (Feito no TacticalPad)

Diante do América-MG, mais uma frustação, dessa vez em dobro, com um resultado ruim e atuação ainda pior. Sem produzir praticamente nada, os pernambucanos viram o Coelho dominar o confronto e vencer sem quaisquer sustos.

O mais desastroso, entretanto, ainda estava por vir. E veio. Em outra atuação ineficaz, derrota para a Ponte Preta, em casa, para instaurar de vez a crise na Rosa e Silva. Frente à Macaca, o Timbu utilizou duas linhas de quatro, mas nem assim conteve o ímpeto do adversário.

Alvirrubro no 4-4-1-1 (Imagem: Sportv)

Duas falhas cruciais da defesa do Náutico pelo alto selaram o resultado, com dois gols de bola aérea, um dos pontos mais negativos do alvirrubro; ao todo, foram seis que nasceram pelo alto dos 22 sofridos – média de 27,3%, que evitam o saldo de ficar zerado.

Foi mais de um mês sem sentir o sabor da vitória, até que o Timbu voltou a vencer, fazendo 1 x 0 no Oeste, lanterna absoluto do certame, em mais um jogo fraco em termos de produção.

A INDÓCIL REALIDADE

O triunfo poderia ter embalado o time, mesmo sendo sob a pior equipe da Série B, mas o empate com o Cruzeiro, em confronto direto, foi mais um capítulo da caminhada frustrante do Timbu neste primeiro turno. Um gol sofrido pelas costas de Hereda, um dos mais questionados do elenco até aqui, fincou a igualdade no placar.

Ofensivamente, contudo, o time até foi bem, principalmente com Vinícius, um dos menos culpados da fase assombrosa que vive o Náutico. O meia-atacante foi o autor do gol alvirrubro frente aos celestes, apostando na individualidade e vencendo Fábio num arremate rasteiro e letal.

Um dos revezes mais sentidos pela torcida foi justamente o último, para o CSA. O Timbu ainda abriu o placar, mas viu o adversário fazer três gols e sobrar no jogo, mais uma vez pecando bola aérea.

Hoje, a indócil realidade para o torcedor do Náutico é brigar contra o descenso e esperar que o time some pontos para se afastar do terreno movediço do Z-4. No ponto de vista tático, ao menos, Timbu é um dos piores da competição e precisa melhorar muito se não quiser cair.

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