Por: Felipe Holanda
O principal postulante à titularidade no gol do Santa Cruz “habla”. Resgatando tradição de “gringos”, Martín Rodríguez chega com pompa de solução para os problemas nas traves corais após a saída de Maycon Cleiton. Por outro lado, o uruguaio terá que reencontrar seus melhores dias no Mais Querido se quiser ter chances de brigar com Jordan, titular neste início de temporada.
Nesta análise, o Pernambutático disseca os principais destaques do reforço tricolor, com posicionamentos táticos (sim, o goleiro também é muito importante neste quesito), números, pontos fortes e fracos, e muito mais sobre o arqueiro celeste, que atua no Brasil desde 2019.
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O GOLEIRO E A TÁTICA
Antes de iniciar, é importante frisar que uma análise tática de goleiro pode causar estranheza em alguns. Mas é justamente por isso que o assunto tem relevância. Além disso, o futebol vive uma constante mutação nos últimos anos e o mais afetado com isso é aquele que está debaixo das traves sob a incumbência de evitar o gol adversário.
As responsabilidades que um arqueiro tem e representa no esporte são várias outras além de proteger a própria meta. No atual momento, participa da partida em todas as fases do jogo através de seu posicionamento tático. Sendo assim, antes de utilizar 3-5-2 abriremos uma exceção e citaremos o 1-3-5-2.
Martín Rodríguez sabe trabalhar bem com pés, algo que pôde ser observado durante sua carreira. No Uruguai, defendeu times intermediários, casos de Montevideo Wanderers, Juventud e Racing. Nos Bohemios, mostrou que tem expertise e agilidade na saída de bola, sendo um dos destaques na campanha da Libertadores.

No Santa, Martín pode ser fundamental na posse coral e tende a se adaptar bem no esquema com três zagueiros, participando efetivamente da construção de jogadas, ao lado de Willian Alves, Danny Morais e Célio Santos. Se regularizado até esta sexta-feira (5), o arqueiro está apto para fazer sua estreia diante do ABC, domingo (7), pela Copa do Nordeste.

Evolução humana e tecnológica. Indo na mesma toada, a tecnologia evoluiu muito e hoje é um dos principais alicerces da análise de desempenho em relação a goleiros. Um dos trabalhos que destaca a importância dos softwares é o artigo “Analytic method for evaluating players’ decisions in team sports: Applications to the soccer goalkeeper“, divulgado na Plos One em 2018.

SENSO DE POSICIONAMENTO
Além de participativo com a bola nos pés, Martín Rodríguez não compromete debaixo das traves. Experiente, o goleiro sabe se posicionar bem e acumula defesas importantes na carreira. Mostrou ser decisivo em bolas paradas, como aconteceu no empate sem gols diante do Olimpia pela Libertadores.

Martín também brilhou em cobranças de pênalti, muito disso por conta de seu senso de posicionamento, aliado a boa estatura e um preparo físico favorável. Desde 2018, ele atua no futebol brasileiro. Sua primeira passagem foi pelo Vitória-BA.
NÚMEROS PELO LEÃO DA BARRA:
- 28 jogos, sendo oito sem ser vazado
- Sofreu 29 gols, sendo 23 dentro da área e seis de fora
- Foram 87 defesas realizadas, 35 em chutes de fora da área e 52 de dentro
COMO FOI A ÚLTIMA TEMPORADA?
Em 2020, Martín defendeu o Operário Ferroviário na Série B do Brasileiro, porém não conseguiu ser utilizado com frequência. No Arruda, o arqueiro busca reencontrar a regularidade no Nordeste e voltar a empilhar atuações positivas.
NÚMEROS PELO FANTASMA:
- Nove jogos e não foi vazado em três
- Sofreu nove gols, seis dentro da área e três de fora
- Foram 21 defesas, 12 de dentro da área e nove de fora
GRINGOS QUE JÁ PASSARAM PELO SANTA

O principal ícone da “invasão” sul-americana que aconteceu no Santa Cruz é um volante argentino que marcou época: Alejandro Mancuso. Chegou badalado ao Recife e formou um time de respeito ao lado do companheiro Hector Almandóz, que era zagueiro. O ano, 1999; o uruguaio Claudio Millar que – infelizmente – já é falecido, também atuou naquela temporada.
Em relação a goleiros, Martín Rodríguez será apenas o segundo gringo na história do clube e o primeiro em seis décadas. Antes, apenas o argentino Cavallero havia defendido a meta tricolor, nas temporadas 1961 e 1962.
Referência:
‘Analytic method for evaluating players’ decisions in team sports: Applications to the soccer goalkeeper. De Leonardo Lamas, Rene Drezner, Guilherme Otranto, e Junior Barrera.
Créditos da foto principal: Letícia Martins/ECVitória