Por: Felipe Holanda
Um mesmo fim. Enquanto o Santa Cruz busca reação na temporada, Alexandre Gallo chega ao Arruda precisando reencontrar seus melhores dias à beira do gramado. Para matar “dois coelhos com uma cajadada só”, o objetivo é o mesmo: tirar a Cobra Coral do inferno da Série C.
Nesta análise, o Pernambutático destrincha taticamente as principais características do novo comandante tricolor, com conceitos, modelos de jogo, pontos fortes e fracos, números na carreira, e tudo que se pode esperar da passagem de Gallo pelo Arruda.
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ÚLTIMOS TRABALHOS
Será fácil implantar uma nova filosofia de trabalho no Santa Cruz? A resposta, fatalmente, é negativa. E por motivos óbvios: treinar a seleção brasileira é muito diferente de trabalhar num clube de futebol, onde o treinador precisa se adaptar à realidade financeira, sem poder contar com todas as peças que deseja.
Ao longo da carreira, Gallo sempre gostou de dominar o adversário, com transições rápidas e volantes que saem bem para o jogo, independente da formação tática. Mas o que pôde ser visto com mais frequência foi um 4-3-3 com flertes rápidos para o 4-2-3-1 na posse, como aconteceu no Botafogo-SP, seu último clube.

No Santa, o 4-2-3-1 deve ser bem explorado, já que os laterais costumam apoiar bastante, em especial Alan Cardoso pela esquerda. Dessa forma, Chiquinho, Madson e um dos volantes, possivelmente Karl, formariam a trinca da penúltima linha, tendo Pipico mais à frente na referência.

A tática e o apoio dos laterais também foram vistos no São Caetano em 2020. No Azulão, o lateral-direito Alex Reinaldo era a principal válvula de escape para quebrar as linhas rivais, sempre dando profundidade à construção ofensiva.

Defensivamente, a tendência é que um dos cabeças de área recue para a segunda linha, formando um 4-3-2-1. O objetivo é povoar bem o meio de campo para impedir que o adversário troque passes com tranquilidade e consiga criar chances de perigo. Existe uma grande possibilidade que isso se repita no Arruda, já que o time vem atuando com três meio-campistas marcadores.

Quando pressionado, Gallo aposta numa compactação na defesa com duas linhas de quatro. Neste esquema, a estratégia é forçar o erro de passe rival e ter boas chances de recuperar a bola o quanto antes.

A proposta deve ser bem semelhante no Mais Querido, tendo Chiquinho e Madson revezando na função de segundo atacante. Uma outra alternativa que Gallo tem é formar um 4-5-1, deixando o meio de campo tricolor um pouco mais preenchido.

PASSAGEM PELO VITÓRIA E SEGUIDOR DE SASHA LEWANDOWSKI
Antes de atuar no Atlético-MG como diretor de futebol, Alexandre Gallo teve rápida passagem pelo Vitória em 2017. Chegou com boas expectativas, mas teve um desempenho aquém e frustrou as aspirações de implantar um novo modelo de jogo no rubro-negro baiano.
No comando do Vitória, Gallo somou apenas três vitórias em 11 jogos disputados e deu adeus ao Barradão sem deixar saudades. A partida que marcou a despedida foi com derrota por 3 x 1 para o Grêmio, em Salvador.
O já falecido treinador Sasha Lewandowski é um dos caras que Gallo se espelha no futebol. E os dois têm, de fato, características parecidas. A começar pela vocação ofensiva, geralmente explorando um 4-3-3 de transições rápidas e muita verticalidade.
Foi assim que o treinador alemão fez seu nome comandando o Bayer Leverkusen. No 4-3-3 do Leverkusen, os três volantes tinham capacidade para sair jogando, com um deles fazendo a função de terceiro zagueiro a depender da situação. Assim, os laterais e extremos ganhavam mais liberdade para infiltrar.

GALLO NO NÁUTICO
O último grande trabalho de Alexandre Gallo à beira do gramado, possivelmente, foi no Náutico, um dos rivais do Santa. A melhor de suas passagens foi a segunda, entre 2012 e 2013. Nos Aflitos, teve seu primeiro trabalho com Derley, volante com quem tem reencontro marcado no Arruda – Elicarlos é outro velho conhecido do treinador.
Derley era o principal alicerce defensivo de Gallo no Timbu. Tido como “cão de guarda” da equipe, ele geralmente dava o primeiro combate e costumava marcar os jogadores mais talentosos do adversário, caso de Montillo, do Cruzeiro, com os alvirrubros formando um 4-3-2-1.

Além de Náutico, Vitória, Botafogo-SP, São Caetano e seleção brasileira, Gallo já passou por diversos outros clubes de expressão, como Sport, Internacional, Bahia, Figueirense e Atlético-MG. Como jogador, era um volante de categoria e marcou época defendendo as cores do São Paulo.
Créditos da foto principal: Fabrício Cortinove/São Caetano