Por: Mateus Schuler
Um olho no campo e outro… na lousa. Com conceitos ditos modernos e precisando corrigir os erros do início da temporada, o professor Umberto Louzer foi anunciado como novo técnico do Sport. Assinando contrato até o fim da Série A, terá a missão de resgatar o bom futebol leonino.
Nesta análise, o Pernambutático destrincha taticamente as principais características do novo comandante rubro-negro, com conceitos, modelos de jogo, pontos fortes e fracos, números na carreira, e tudo que se pode esperar da passagem de Louzer pela Ilha.

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Capixaba de Vila Velha, foi jogador antes de migrar à área técnica, sendo ex-volante. Aos 41 anos, acumulou passagens por clubes como Paulista, Marília, Guarani, Atlético Sorocaba, Sendas (atual Audax Rio), Ituiutaba, Juventude e Caxias, tendo como maior título a Série C de 2001, quando defendia as cores do – até então – Etti Jundiaí.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ÚLTIMOS TRABALHOS
Com proposta de jogo semelhante ao que vem sendo apresentado no Sport nos últimos compromissos, Umberto Louzer busca solucionar um problema na cabeça da torcida: a falta de ofensividade. Para isso, chega tendo elenco já montado, pensado na continuidade de Jair Ventura à frente do time. Isso gera uma adaptação às peças disponíveis antes do início do Brasileirão para enxergar as deficiências.
Acumulando três anos de carreira como técnico, Louzer tem como destaque duas características em suas equipes: ataque vertical e letal, além de defesa sólida. À frente do Guarani, o primeiro – após iniciar como auxiliar – trabalho, teve 53 partidas, somando um pouco mais de 50% de aproveitamento, com 25 vitórias, 13 empates e 15 derrotas, usando um 4-2-3-1 na fase ofensiva.

Depois que foi demitido do Bugre, de maneira até surpreendente, chegou ao Vila Nova, mas brevemente. Em seguida, assumiu o Coritiba no lugar de Argel ao se demitir do Tigre; garantiu vice-campeonato em cada turno, contudo se manteve no cargo para a Série B, entretanto também não conseguiu ir bem. No total, foram 13 triunfos, nove igualdades e oito reveses em 30 confrontos.
Sob o comando do Coxa, iniciou a Série B mantendo o 4-2-3-1 que utilizou no alviverde campineiro, porém sentiu a necessidade de mudar. Assim, passou a variar entre o 4-1-4-1 e o 4-3-3, alternando pelo modelo traçado pelo seu adversário. Lá, foi comandante de Thiago Lopes, hoje no Leão, colocando-o pelas beiradas, além de ser uma opção mais centralizado saindo ao ataque.

Após nova pausa desempregado, foi anunciado no início de 2020 como novo treinador da Chapecoense, seu melhor desempenho. Campeão Catarinense, retomou a confiança após período conturbado, envolvendo rebaixamento e começo de Estadual na lanterna. Dando sua cara à Chape, teve um trabalho tático impecável, traçou como meta o acesso à Série A na última temporada e foi além: garantiu o título da Segundona.
Um dos principais pilares do bom retrospecto defendendo o Verdão foi, antes de tudo, a mescla da juventude com a experiência, algo que terá em Recife. A principal dificuldade a ser sanada é justamente seu ponto forte: a defesa. Calo leonino desde a saída de Guto Ferreira, passando por Daniel Paulista e Jair Ventura, o sistema defensivo sofre principalmente com a bola aérea.

Em Chapecó, se destacou por ter seu goleiro vazado 21 vezes, menor número da história da competição na era dos pontos corridos, fazendo média de 0,55 gols por jogo. Com boa consistência, fortalece bastante a compactação das peças, formando duas linhas de 4, além de ter uma alternância ao 4-3-3 ou 4-3-2-1.
Prioritariamente, performa no 4-4-2, deixando um dos jogadores do meio ao lado do centroavante, o que faz as transições defensivas serem mais suaves. Ao contra-atacar, varia entre os lados e o meio-campo, tentando confundir o adversário, buscando priorizar a verticalidade das jogadas para ser intenso e letal.

Durante pouco mais de um ano nos catarinenses, somou incríveis 31 vitórias, além de 18 empates e apenas sete derrotas, com aproveitamento de 66,07%. No rubro-negro da Praça da Bandeira, busca manter o bom retrospecto para consolidar os bons números que conquistou nos 14 meses à frente da Chape.
Foi em Chapecó também que apresentou algumas características diferentes. Trabalhando a reposição de bola com o goleiro, fez constantes saídas de 3, mas usando seu camisa 1 ser o iniciador junto aos zagueiros, ao contrário do que vem ocorrendo nos leoninos.
Crédito da foto principal: Márcio Cunha/ACF