Por: Felipe Holanda
De Santa Cruz do Sul para o Santa Cruz. Bolívar chega ao Arruda com a missão de libertar o time após início de temporada conturbado. O novo comandante terá a responsabilidade de lutar pelo acesso na Série C e afastar o fantasma do rebaixamento no Campeonato Pernambucano – atualmente, Tricolor é sexto colocado com nove pontos, dois a mais que o Retrô, que abre o Z-4.
Nesta análise, o Pernambutático destrincha taticamente as principais características do treinador, com conceitos, modelos de jogo, informações exclusivas de um setorista, pontos fortes e fracos, e tudo que se pode esperar da passagem de Bolívar pelo Arruda.
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SOLIDEZ DEFENSIVA
Ter uma defesa segura é a grande faceta de Bolívar em sua curta carreira como treinador – o primeiro clube à beira do gramado foi o União Rondonópolis, em 2018. No Vila Nova em 2020, seu último trabalho autoral, o ex-zagueiro mostrou que sabe organizar bem o sistema defensivo através de compactações, o que exige treino.
Seu principal estilo de se defender, como visto no Tigre, é marcar por zona, sempre perseguindo o portador da bola para desarmar o quanto antes. Quando atacado, costuma se fechar com duas linhas de quatro, variando entre o 4-4-2 e o 4-1-4-1, geralmente com blocos médios/baixos.

No Santa Cruz, formando um 4-4-2, a expectativa é que Bolívar opte por uma trinca de volantes com Caetano, Elicarlos e Derley, tendo Pipico e Madson no ataque. A estratégia pode render bons frutos, já que o time ganharia em velocidade na transição ofensiva e saída para possíveis contra-ataques.

“Com Bolívar, o Vila ficou praticamente a primeira fase da Série C com a melhor defesa do grupo. Ele gosta muito de formar um sistema consolidado e bem sólido, alternando a primeira linha entre quatro e cinco jogadores”
Paulo Massad, Rádio Sagres
A depender da situação, normalmente em jogos fora de casa, Bolívar pode se fechar com uma segunda linha de cinco, se postando no 4-5-1. Dessa forma, preenche bem o meio de campo com o objetivo de dificultar a troca de passes do oponente e ter mais chances de recuperar a bola.

A expectativa é que isso se repita quando a Cobra Coral atuar como visitante. Assim, Pipico ficaria fixo na referência, tendo Madson, que já mostrou ser útil na recomposição, recuando para auxiliar a defesa, principalmente dando suporte a Alan Cardoso pela esquerda.

ORGANIZAÇÃO OFENSIVA
Outra virtude do novo comandante coral é a construção ofensiva, que começa lá de trás e costuma ser bem organizada. Para isso, Bolívar preza por zagueiros que sabem trabalhar bem a bola, utilizando uma saída de 3 em busca de brechas na defesa adversária. O ataque, por outro lado, é um dos poucos pontos fracos do treinador.

Quando têm a posse no terço final de campo, as equipes de Bolívar apostam num 4-2-3-1, dando amplitude e ao mesmo tempo preenchendo o meio. O Vila mostrou que geralmente não precisa de muitos toques na bola para chegar à zona de arremate, o que é uma das falhas do Santa Cruz em 2021.

Para positivar o sistema ofensivo, Bolívar deve repetir a estratégia, explorando a velocidade de Derley na terceira linha, ao lado de Chiquinho, centralizado, e Madson na esquerda. No Arruda, o treinador terá mais opções que seus antecessores, casos de Héctor Bustamante e França, recém-contratados, mas ainda aguardando oficialização.

“Por outro lado, não abre mão de atacar e com transições rápidas, principalmente pelas beiradas. Com jogadores abertos pelos lados, utiliza muito os laterais ajudando os pontas para a criação das jogadas, deixando o meio mais consistente para dar as investidas”
Paulo Massad, Rádio Sagres
Além do 4-2-3-1, o 4-3-3 também pode ser utilizado, como com João Brigatti e Alexandre Gallo. Assim, França e Bustamante podiam aparecer no time, tal qual Maxwell e até Léo Gaúcho.

A CARREIRA DE BOLÍVAR
O Santa Cruz será o sétimo clube comandado por Bolívar. Antes, além do União Rondonópolis e Vila Nova, passou por Novo Hamburgo, Cianorte, Brasil de Pelotas e Barra. De 2018 até hoje, não tem nenhum título no currículo.
Como jogador, fez história no Internacional, sendo bicampeão da Libertadores da América. Pelo Inter, Bolívar disputou 334 partidas e foi campeão onze vezes. É até hoje um dos atletas mais vencedores da história do clube.
Créditos da foto principal: Douglas Monteiro/Vila Nova
Só digo uma coisa: – Boa Sorte!
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