Por: Mateus Schuler
Para fugir da forca. Quatro times lutam para evitar o rebaixamento no Campeonato Pernambucano: Central, Retrô, Sete de Setembro e Vitória. Apenas dois se salvam ao término de três rodadas, que terão pontapé inicial nesta quarta-feira (5), com os confrontos sendo disputados em turno único.
Enquanto a Fênix encara a Patativa na Arena de Pernambuco, o Lobo-Guará recebe o Tricolor das Tabocas no Gigante do Agreste, em Garanhuns; ambos serão realizados às 15h. Separamos uma prévia tática do quadrangular, com principais movimentações táticas, estilos de jogo, números, e muito mais de cada um dos clubes.
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PARA RESSURGIR DAS CINZAS
Tratado como sensação após ter 2020 e início de 2021 altamente positivos, o Retrô teve uma queda brusca de produção ao longo da atual temporada. A Fênix busca inspiração em sua própria origem para poder ressurgir e, assim, evitar o retorno à Série A-2, ainda mais por ter participação inédita na Série D por vir.
Um dos times que mudou o comando, o auriazulino tem como base o 4-3-3, composto por três meio-campistas – sem um armador fixo – e três jogadores no ataque. Dessa maneira, Luizinho Vieira tenta implementar alternâncias no seu modelo de jogo, fazendo diferente de Nilson Corrêa, mas sem modificar a filosofia do “DNA Retrô”.

COMO ATACA
Sob o novo comandante, a equipe de Camaragibe até permaneceu no 4-3-3 ao atacar, mas tendo o constante apoio dos laterais. Assim, teve variação ao 4-1-2-3, mantendo a trinca de ataque com muita amplitude, passes curtos e médios, sendo os meio-campistas responsáveis por fazer mais transição que criação.
Apesar do ponto forte ser pelo chão, usando os lados do campo, o Retrô tem também criatividade na bola aérea; não por acaso, marcou dois dos últimos três gols da primeira fase desta maneira. A organização ofensiva tem início ainda no campo de defesa, com muita dinâmica e intensidade ao ter a bola no pé até chegar à zona ofensiva.

COMO DEFENDE
Defensivamente, o time passou por uma variação mais do que necessária, já que terminou a primeira etapa do torneio com 15 gols sofridos, sendo assim a terceira defesa mais vazada. A fragilidade se deveu muito ao fato da falta de compactação das linhas, pois o 4-1-4-1 gerou espaços para infiltrações dos adversários, seja pelos lados ou no meio.
Sob a batuta de Luizinho, entretanto, os auriazulinos tiveram uma alternância diferente, ao menos na primeira partida. Contra o Vitória, passaram a formar um 4-2-3-1 ao defender, ficando com blocos médio-baixos e o meio-campo mais povoado, tendo maior aproximação entre as peças; dessa maneira, foi capaz de impedir a criação – quase nula – do Tricolor das Tabocas, além do sistema defensivo ter ficado menos exposto.

PARA FICAR DE OLHO
Kauê (MC) – O jogador mais consciente do time. Kauê é o grande alicerce do meio-campo, além de ter uma ótima noção de tempo e espaço. Geralmente busca as jogadas verticais que possam ferir a equipe adversária e finaliza de média-longa distância bem, tendo dois gols anotados neste Pernambucano; marcou uma vez também na Copa do Brasil, mas apertando a saída de bola.
Janderson (PE) – Após se destacar em 2020, Janderson foi negociado com o Manaus, mas voltou à Fênix por não ter o mesmo êxito. O atleta é o principal escape pelo lado esquerdo, dando amplitude e verticalidade para quebrar as linhas rivais. Apesar de ter marcado apenas um gol, tem sua importância tática por atuar mais entrelinhas e infiltrado na marcação adversária, além de bom chute de média distância.
BUSCANDO NOVOS CANTOS
Time que mais mexeu no comando, a Patativa ainda não achou sua fórmula mágica para voltar a cantar alto como outrora. Com o segundo pior ataque e a segunda defesa mais vazada, o Central visa recuperar o bom momento, já que em 2018 foi vice-campeão e sempre figurou em destaque no Estadual, ficando na parte de cima da tabela.
Na tentativa de evitar o descenso, algo que aconteceria pela segunda vez na história, Elenilson Santos buscou dar repaginada e deu certo. A tendência é a manutenção do sistema com três zagueiros, pois deu solidez à marcação e a criação teve muita presença do meio para frente, apesar da amplitude baixa e as linhas jogarem próximas.

COMO ATACA
Os centralinos vinham performando, mais frequentemente, no 4-2-3-1, o que resultou em seis gols marcados nos oito confrontos disputados, sendo o pior ataque até então. Com a modificação ao 3-5-2, no último duelo, o alvinegro passou a apostar mais em contra-ataques e utilizar os laterais ao lado dos volantes, cabendo a Diego Palhinha sair da armação e se deslocar à trinca ofensiva, formando um 3-4-3.
Assim, passaram a ter maior dinamismo tendo a posse de bola e jogaram no campo do Salgueiro infiltrados entrelinhas. Os blocos médio-altos centralinos diminuíram a criatividade, porém trouxeram velocidade ao atacar, já que os jogadores das beiradas foram servidos frequentemente e passaram a fazer pressão.

COMO DEFENDE
A fragilidade do sistema defensivo durante toda a primeira fase parece ter se reduzido. Foram 15 gols sofridos, mesmo não sendo vazado em somente uma partida, e a falta de padronização do modelo de jogo que mostraram como os caruaruenses tiveram a defesa como o principal problema da temporada, apesar da baixa produção ofensiva.
Ainda sob o comando de Pedro Manta, chegou a formar duas linhas de 4 e o time seguiu apresentando brechas para infiltrações dos adversários. Após a modificação do sistema, uma linha com cinco defensores protegeu melhor a meta centralina, pois os blocos ficaram muito baixos e próximos, segurando o Salgueiro pelos lados e no meio.

PARA FICAR DE OLHO
Wallef (GOL) – Apesar de não ter recuperado o bom futebol apresentado no Afogados, onde ficou conhecido nacionalmente, o arqueiro pode ser a peça de mais destaque no sistema defensivo. Com boas defesas, busca fechar a barra para aumentar a consolidação do setor, mostrando que todo grande time começa por um grande goleiro.
Diego Ceará (ATA) – O centroavante da Patativa é outro que se destacou na Coruja na última temporada, mas conseguiu recuperar a boa fase. Com dois gols marcados em cinco jogos, inclusive no último realizado, Diego é a maior esperança centralina para balançar as redes, apesar de mostrar mobilidade para ajudar sendo garçom.
QUERENDO SAIR DO BURACO
Mesmo ocupando a zona ingrata do quadrangular por todo o campeonato, o Lobo-Guará mostrou regularidade dentro de campo. As falhas, porém, foram pontuais e cruciais para que a equipe ficasse entre os últimos colocados na tabela, tendo apenas uma mudança no comando; com a chegada de Pedro Manta ao cargo, a produção elevou, mas foi insuficiente.
Se por um lado o alviverde teve somente uma vitória e o pior ataque, fazendo sete gols, de outro foi menos inconsistênte. Foi a defesa menos vazada entre os quatro times de campanha mais negativa, com 12 tentos sofridos, o que é uma das expectativas positivas do treinador para tentar evitar voltar à Série A-2 logo quando conquistou o acesso.

COMO ATACA
Assim como a tática-base, o time de Garanhuns deve performar no 4-2-3-1 ao atacar, sempre com muita amplitude entre as peças, seja nos laterais ou dos extremos. Os meio-campistas, principalmente na cabeça de área, têm a postura menos presente ao setor ofensivo, enquanto os jogadores da ponta se infiltram ao lado do centroavante.
O principal destaque do ataque é a criação pelas beiradas do campo, já que o artilheiro no torneio é Grafite, uma dessas peças pelo lado. O atleta que faz a referência não fixa tanto, pois mostra dinamismo e velocidade para abrir a marcação adversária; a falta de um goleador, entretanto, evidencia a baixa produção.

COMO DEFENDE
Na defesa, entretanto, o Sete consegue apresentar menos falhas, muito por conta da solidez que passou a ter sob o comando de Manta. Foram três gols sofridos dos 12 ao longo da competição, muito pela alternância promovida pelo comandante, pois deu maior estabilidade e consistência ao setor, além de compactação.
Diante do Sport, logo na estreia do treinador, houve constantes variações de 5-3-2 e 4-4-2, mas sempre com a primeira linha bem definida. As mudanças vieram muito pelo encaixe do Leão, sendo assim também contra Santa Cruz e Vera Cruz, formando blocos médio-baixos; assim, chamou o adversário ao seu campo, contra-atacando em velocidade.

PARA FICAR DE OLHO
Airon (GOL) – Mesmo não ter sido o menos vazado da competição, o goleiro setembrino vem sendo um dos destaques. Titular absoluto, fez defesas que foram importantes, evitando que a equipe alviverde sofresse menos gols no Estadual, além de ajudar na construção de resultados fundamentais para a campanha ser mais positiva.
Grafite (PE) – Após golaço contra o Santa Cruz, o atacante vem sendo uma arma importante, pois é dos seus pés que sai o primeiro rabisco das jogadas setembrinas. O jogador é uma boa válvula de escape pelos lados e também pode cortar para dentro, sendo um alerta constante à marcação adversária, já que cai bem entrelinhas.
PARA CHEGAR AO TOPO DO MONTE
O momento não é dos mais favoráveis, mas o Vitória tem motivação para ir ao topo. Assim como em 2020, terminou a primeira fase na lanterna, tendo o quadrangular para evitar o desestre. Na temporada passada, conquistou a permanência apenas no último jogo, somando, naquela oportunidade, seu único triunfo no ano.
Dessa vez até venceu, no entanto ainda não teve atuação empolgante, o que é uma das preocupações. Até mudou seu comandante, como a maioria dos times do certame, contudo precisa ser mais produtivo ofensiva – pior ataque – e defensivamente, já que foi vazado por 21 vezes, tendo a defesa que mais sofreu gols.

COMO ATACA
Bem como algumas das equipes, o Tricolor das Tabocas deve performar no 4-2-3-1 ao atacar, sistema que vem sendo constantemente, na derrota ou na vitória. Enquanto que os cabeças de área guardam mais a posição no meio, o tridente antes do centroavante é bastante dinâmico, tendo ainda um apoio dos laterais na criação.
As investidas pelo lado não são sempre usadas, pois os meio-campistas são criativos quando ficam com a bola no pé. A falha, entretanto, é ao chegar no jogador da referência ofensiva, pois desde a saída de Marcelo Nicácio que os pivôs diminuíram e, consequentemente, a criatividade; ainda assim, há mais dinamismo das peças.

COMO DEFENDE
Vazado em todos os confrontos da primeira fase, o Taboquito tem a defesa como calo na temporada. Mesmo tendo variado frequentemente, o técnico Laelson Lopes deve manter a postura para tentar evitar o rebaixamento, pois busca fechar mais os espaços para infiltrações dos adversários, com o 5-4-1 e o 4-1-4-1 podendo ser usados.
Apesar dos blocos serem médio-baixos, as variações são constantes dentro de campo, o que faz o volante entre mais marcador alternar entrelinhas e o líbero na linha de defesa. Os jogadores da beirada, porém, recuam para dar suporte aos laterais na marcação, fazendo uma recomposição mais suave e sem dar tantas brechas.

PARA FICAR DE OLHO
Léo Carioca (LE) – Consistente na marcação, apesar das fragilidades dos vitorienses, o lateral-esquerdo é um jogador importante ao modelo de jogo. Agudo na criação, tem o cruzamento como um dos seus pontos fortes, além de dar passes-chave na criação de jogadas ou para gols, como ocorreu na assistência para Carlos Caaporã contra o Salgueiro.
Thiago Bagagem (MEI) – Contratado para suprir a saída de Diogo Peixoto, o meia do Tricolor das Tabocas busca usar a experiência a seu favor. Apesar de “jovem”, tem rodagem pelo futebol e o bom poder de finalização como as armas mais importantes; outra qualidade é a força na bola parada, seja em escanteios ou faltas.
Créditos das fotos principais: Emanuel Guerra/Retrô FC, Carlos Recúpero/Central, Wellington Júnior/Arquivo Pessoal e Reprodução/UNIRB