Por: Guilherme Batista
“Quando a casa cai, não tem parede pra armar minha rede”. Dias após o rebaixamento no Campeonato Pernambucano, o Central anunciou seu novo treinador para a disputa da Série D: Junior Baiano. O ex-zagueiro com passagens por Palmeiras, Flamengo e seleção brasileira assume o comando da Patativa na missão de reconstruir o time para o restante da temporada.
Nesta análise, o Pernambutático destrincha taticamente as principais características do treinador, com conceitos, modelos de jogo, pontos fortes e fracos, e tudo que se pode esperar da passagem de Júnior Baiano pelo Lacerdão.
BUSCA POR EQUILÍBRIO DEFENSIVO
O Central terminou o Pernambucano atuando num 3-4-3, que defensivamente se comportava como um 5-3-2. Com Júnior Baiano, a tendência é que o esquema adotado por Elenilson Santos ganhe continuidade. Em seu último trabalho, no Itumbiara, o ex-zagueiro adotou o esquema com três zagueiros, buscando dar solidez defensiva.

Com linhas médias/baixas, sua equipe se movimentava de acordo com o ataque adversário, sempre buscando fechar os espaços e forçar um erro de passe, quase sempre variando num 5-4-1 ou 5-3-2. Apesar disso, não foram raras as vezes que o time rival encontrava espaços nas entrelinhas para finalizações da entrada da área.

Outro ponto negativo demonstrado pelo Gigante do Vale na hora de se defender era a lentidão na recomposição defensiva. Quando perdia a bola no campo de ataque, os zagueiros estavam muito expostos e a lentidão na hora de voltar concedia espaços valiosos.

Com baixo poderia financeiro, a tendência é que o Central mantenha grande parte do elenco que disputou o estadual. Desta forma, caso opte em entrar com três zagueiros, Júnior Baiano deverá promover Issa para titular na lateral-esquerda na vaga de Junior Lemos, que vinha atuando improvisado na posição.

COMPORTAMENTO OFENSIVO
Aqui mora o grande problema do treinador, e também do Central. O setor ofensivo foi alvo de críticas por parte da torcida do Gigante em 2019. A ideia é interessante, mas a execução, até então, não obteve êxito. A construção das jogadas se baseia em lateralizar o jogo o máximo possível.

Para isso, o treinador precisa de laterais/alas que sejam velozes e agudos ao apoiar, para conseguir espetar a defensiva rival o mais rápido possível. Se comportando num 3-4-3, o trio ofensivo dificilmente fica estático, sempre se movimentando bastante, enquanto os laterais dão amplitude e um meia flutua com liberdade.

Por outro lado, quando o Itumbiara foi obrigado a ter mais a posse de bola para ser uma equipe mais propositiva, o ataque travou completamente e apostou muito em bolas alçadas na área por não conseguir criar espaços na defesa rival.
No Lacerdão, para colocar em prática sua forma de ataque, o treinador poderá optar por entrar com Junior Lemos e Diego Palhinha no meio, sacrificando Diego Ceará ou Erivan, mas ganhando mais criação.

Outra alternativa seria dar continuidade ao modelo proposto por Elenilson, com Junior Lemos atuando na ala esquerda, Palhinha na criação e com dois volantes em campo, para que um fique encarregado de cobrir as investidas ofensivas de Lemos.

A CARREIRA DE JÚNIOR BAIANO
O Central será apenas o terceiro clube de Júnior Baiano. Foi estagiário de Luxemburgo em 2012, quando o “Pofexô” treinava o Flamengo. No mesmo, Júnior treinou o Santa Helena na segunda divisão goiana, onde levou o time até a semifinal.
Após isso, voltou a ser estagiário, desta vez de Oswaldo de Oliveira, em 2014. Apenas em 2019 voltou a assumir um clube, o Itumbiara, onde foi demitido após dois empates e duas derrotas no campeonato estadual. Desde então o treinador estava longe da área técnica.
Créditos da foto principal: Reprodução/TV Anhanguera