Perdas e danos: os motivos da queda de rendimento do Náutico na Série B

Por: Felipe Holanda

Há cinco jogos sem vencer – quatro derrotas e um empate –, o Náutico despencou da liderança para a sexta posição na Série B. Entre a perda de jogadores importantes e a queda de rendimento, o Timbu vive seu pior momento na temporada, precisando recuperar as energias para seguir firme na luta pelo acesso à elite.

Nesta análise, o Pernambutático lista os principais motivos para o declínio alvirrubro na Segundona, com comparações táticas, mapas de calor, números, e como a equipe vem lidando com as ausências de Wagner Leonardo, Erick e Kieza.

FRAGILIDADES DEFENSIVAS

O primeiro aspecto a ser levado em consideração fica por conta das peças perdidas por Hélio dos Anjos. Na defesa, Wagner retornou ao Santos e deixou uma lacuna difícil de ser preenchida na Rosa e Silva, com o comandante alvirrubro encontrando dificuldade para definir um companheiro à altura de Camutanga.

Da saída de Wagner para cá – seu último jogo foi na goleada por 5 x 0 sobre o Operário, pela 9ª rodada –, o Timbu foi vazado 15 vezes em nove jogos, números que preocupam a comissão técnica. Principalmente porque os substitutos, Carlão e Yago, não vêm dando conta do recado.

Na derrota para o Avaí, no último sábado (14), Yago atuou pela esquerda e não conseguiu segurar o ímpeto catarinense, marcando, inclusive, um gol contra. O mapa de calor mostra que o defensor não deu o apoio necessário para cobrir as subidas do lateral-esquerdo Bryan.

Mapa de calor de Yago diante do Leão (Reprodução/SofaScore)

Como analisado, Hélio vem fazendo testes, por vezes colocando Camutanga na esquerda. Foi o que aconteceu no revés para o Coritiba por 3 x 1, que tirou a invencibilidade alvirrubra, quando a equipe se postou no 4-2-3-1 em fase defensiva.

Posicionamento alvirrubro frente ao Coxa (Imagem: SporTV/Premiere)

Outro ponto negativo é a instabilidade na lateral esquerda, principalmente quando Bryan não pode atuar por lá. Rafinha e Breno Lorran, que vêm entrando com frequência, ainda não se encaixaram no time e vem deixando espaços. Diante do Avaí, inclusive, Bryan foi expulso e escancarou as fragilidades defensivas no setor.

ERICK-DEPENDÊNCIA

Se a defesa vai mal, o ataque não tem mais a profundidade de outrora pelo lado direito desde a saída de Erick. Hélio dos Anjos vem tentando suprir a ausência do prata da casa, mas o que se vê é a pouca produtividade no terço final do campo quando o alvirrubro tem a bola.

A priori, o substituto escolhido por Hélio foi Marciel, que é volante e não tem características de velocidade e amplitude. Com ele, o Timbu até povoa bem a zona, mas não consegue ser efetivo, como aconteceu na goleada acachapante sofrida diante do Confiança por 4 x 0.

Mapa de calor Timbu diante do Dragão (Reprodução/Footstats)

Com pouca movimentação na direita, que pôde ser vista diante dos sergipanos, Vinícius, o ponta esquerda, acaba sobrecarregado. Outro que vem sofrendo com a ausência de Erick é Jean Carlos, por vezes indo às extremidades para armar o jogo de posse Timbu.

“Buraco” ofensivo na direita (Imagem: SporTV/Premiere)

Se Jean cai por lá, o Náutico perde em criatividade no miolo e o ataque é pouco municiado. Desde que Erick deixou os Aflitos, Hélio vem utilizando peças como Iago Dias, Vinícius Vargas e Matheus Carvalho, ainda sem conseguir repetir o brio do início de competição.

À PROCURA DA REFERÊNCIA

Se Wagner e Erick saíram do clube, o atacante Kieza é outra ausência, mas por conta de lesão – após cirurgia no tendão de Aquiles, atleta só retorna aos gramados em 2022. Para a vaga, a direção do Náutico trouxe Caio Dantas, que ainda procura se firmar, mas já deu indícios de ter qualidade.

O camisa 99 teve grande chance diante do Sampaio Corrêa, quando a criação alvirrubra funcionou, mas não pegou bem na bola e parou no goleiro. Diante da Bolívia Querida, o Timbu caiu mais pela esquerda, com Vinícius e o próprio Caio dando suporte às subidas de Bryan.

Mapa de calor do Náutico contra o Paio (Reprodução/Footsats)

Apesar de fazer bem o pivô, Caio não se movimenta tão bem quanto Kieza para abrir espaços que os companheiros podem aproveitar pisando na área. Já apresentou qualidade e um jogo apoiado, principalmente com Vinícius, mas ainda é pouco.

POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Com a chegada de reforços, caso de Tailson, Hélio dos Anjos ganhou mais opções para escalar o time e suprir as ausências. O grande problema continua sendo a ponta direita. Diante do Avaí, o ex-jogador do Santos foi testado na função, entrando no segundo tempo.

4-2-3-1 do Timbu com Tailson (Feito no Tactical Pad)

Uma opção mais conservadora seria colocar Matheus Carvalho por lá. O meia-atacante já mostrou qualidade e até conseguiu ir às redes contra o Coritiba. Não tem a mesma velocidade de Erick, porém pode ser “lapidado” pelo comandante alvirrubro.

Matheus na ponta direita (Feito no Tactical Pad)

Outra alternativa é colocar Iago Dias, que é veloz, na extremidade. Em contrapartida, o atacante já entrou em alguns jogos e não conseguiu dar conta do recado. Por último, Hélio voltaria a utilizar Marciel, tentando dar mais qualidade à progressão de posse Timbu. Já Vinícius Vargas dificilmente será utilizado outra vez.

Pela frente, o Náutico encara o Cruzeiro de Vanderlei Luxemburgo precisando da vitória para voltar ao G-4. Confronto acontece nesta terça-feira (17) às 19h, nos Aflitos, pela última rodada do primeiro turno da Segundona.

Créditos da foto principal: Tiago Caldas/CNC

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