Por: Felipe Holanda
Sintonia fina. De origem humilde a vencedor, Zé do Carmo é a síntese da história do Santa Cruz. O craque, que completa 60 anos neste domingo (22), foi multicampeão pela Cobra Coral, sendo quatro pernambucanos – 1983, 1986, 1993 e 1995 – e é tido como uma das maiores revelações do clube em todos os tempos.
Nesta análise especial, o Pernambutático destrincha as principais características de Zé no Mais Querido, com principais movimentações táticas, estilo de jogo, posicionamentos, números, e muito mais do maestro coral.
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ONDE TUDO COMEÇOU
Nascido no Recife, Zé do Carmo iniciou sua carreira no Santa Cruz como um jovem promissor. Desde cedo, mostrava talento com a bola nos pés, tal como se desvencilhava dos riscos suburbanos. Sempre atuando de cabeça erguida, passou a ser valorizado e subiu para o profissional, escrevendo seu nome na história do Mais Querido.
Em 1983, com apenas 22 anos, veio o primeiro título pela Cobra. Triunfo sobre o Náutico, no Arruda, com Zé sendo um dos destaques da competição. Na final, após empate em 1 x 1 no tempo normal – Gabriel marcou para os corais – vitória nos pênaltis e troféu erguido, o primeiro da trajetória gloriosa do atleta na Beberibe.

Atuando centralizado, era um volante clássico, que sabia sair para o jogo no 4-3-3 da época. Ninguém, além dele, ditava o ritmo da orquestra tricolor tão bem. Geralmente era o mais utilizado nas bolas longas, explorando a velocidade dos homens de frente, casos de Django, Ângelo e o próprio Gabriel. Já Henágio, o meia, finalizava mais em gol.

1986, o ano do bi
Mesmo com outros clubes de olho, Zé do Carmo permaneceu no Arruda, se tornando bicampeão em 1986. No jogo decisivo, diante do Sport, na Ilha do Retiro, o Santa tinha a vantagem do empate e ficou com o título após o empate sem gols, graças à atuação memorável do goleiro Birigui.
Na equipe, Zé fazia a mesma função de três anos atrás, desta vez um pouco mais combativo, evoluindo em quesitos defensivos. No entanto, ainda distribuía muito bem a bola, tendo boa visão de jogo e qualidade no passe para progredir a posse coral.

FUGA PARA SER ÍDOLO NA COLINA
Assediado por vários clubes, Zé do Carmo deixou o Arruda em 1988 para assinar com o Vasco. Na colina, foi um grande líder, capitão, e o mais respeitado do elenco, que contava com uma constelação de estrelas e foi campeão brasileiro no ano seguinte, em 1989.

Zé era um verdadeiro cão de guarda no cruzmaltino, geralmente o encarregado de dar o primeiro combate. Além disso, também saía bem para o jogo e mostrou qualidades nas finalizações. As virtudes lhe renderam, inclusive, algumas convocações para a seleção brasileira, a chamado de Sebastião Lazaroni.
RETORNO TRIUNFAL
Após passagem pelo futebol português, defendendo a Acadêmica de Coimbra, Zé do Carmo retornou à Beberibe para escrever a história outra vez. Após ligeira participação em 1993, comandou o time em 1995, dando as cartas do jogo coral. Com assistências memoráveis, foi o principal destaque do time que bateu o Náutico por 2 x 0 na final, com gols de Amarildo, em linda cobrança de falta, e Da Silva.

Jogando para o time, marcava bem, geralmente por dentro, no auxílio à dupla de zaga, bloqueando as opções de passe e esperando o momento para certo dar o bote. O Timbu até conseguiu criar, mas parou na forte marcação do treinador Fito Neves.

Pelo Mais Querido, Zé disputou 89 partidas, com 25 vitórias e oito gols assinalados. Por onde passou, sempre foi um líder nato, chegando a trabalhar em comissões técnicas. Atualmente, é comentarista esportivo.
Referências:
História dos campeonatos / José Maria Ferreira. CEPE, 2007
Arquivo coral: http://www.arquivocoral.com.br/2011/03/ze-do-carmo-1983.html
É Gol do Santa: http://egoldosanta.blogspot.com/
Créditos da foto principal: Reprodução/Placar