Por: Guilherme Batista e Ivan Mota
O início de um sonho. América, Caruaru City, Íbis e Petrolina dão largada na corrida pelo acesso à elite do Campeonato Pernambucano em quadrangular decisivo, com início marcado para este sábado (30), na primeira das três rodadas. Apenas dois conquistam o acesso, enquanto os outros dois ficam pelo caminho.
O Pernambutático faz um guia tático dos quatro clubes envolvidos, com principais posicionamentos de cada um, estilos de jogo, principais formações, números, jogadores para ficar de olho, e muito mais da epopeia pelas vagas na Série A-2 do Estadual.
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AMÉRICA: SONHANDO COM DIAS DE GLÓRIA
Um dos clubes mais tradicionais do Estado, o centenário América tenta retornar à primeira divisão, onde já foi campeão em seis oportunidades. Liderando seu grupo na primeira fase, o Periquito chega ao quadrangular decisivo após ficar na segunda colocação no Grupo C, com campanha de uma vitória, um empate e uma derrota. Para conquistar o acesso, terá que superar o fator casa, já que jogará duas vezes longe de seus domínios.

COMO ATACA
Na primeira fase, foram oito gols em seis jogos, se colocando como melhor ataque do Grupo A. Na segunda, em três partidas, conseguiu marcar apenas uma vez por confronto, não obtendo resultados tão agradáveis. A principal estratégia em fase ofensiva é ter dois atacantes, geralmente jogando com quatro homens no meio de campo numa formação de losango, tendo um jogador mais defensivo e outro atuando como meia armador, sempre se fechando bastante e procurando explorar mais os contra-ataques, além de utilizar as bolas paradas.
Apesar de jogar com dois jogadores mais avançados, a equipe treinada por Sérgio China apresenta esquemas diferentes, como um 4-2-3-1. Um desses atacantes recua para a linha de três, tendo a ajuda do meia mais avançado e de um dos volantes para conseguir sair em mais velocidade.

COMO DEFENDE
Jogando geralmente em linhas baixas, o alviverde sofreu quatro gols nos seis jogos da primeira fase. Na sequência, teve um média de um gol sofrido por partida, números não tão animadores para o momento decisivo. Quando atacado, a tendência é se fechar com todos os jogadores de linha, explorando um 4-4-2 compactado.

Outra variação pode ser um 4-2-3-1, dando mais liberdade para o meia avançado que, junto à dupla de atacantes, ficam no aguardo de um possível contra-ataque. A linha de quatro mais defensiva avança um pouco, recebendo apoio do trio de volantes em busca de retomar a bola antes que ocorra um passe ou infiltração do adversário.

PARA FICAR DE OLHO
Henrique (MEI) – Meia armador, Henrique é um dos bons nomes do América na competição. Além do papel na criação das jogadas, também é o homem das bolas paradas, marcando o gol que abriu o placar na partida contra o Caruaru City. Aos 23 anos, o jogador fez toda sua categoria de base na Chapecoense.
Neto Bala (MEI) – Velocidade e finalização. Neto Bala é artilheiro do time na Série A2 com dois tentos assinalados, mas se destaca principalmente em jogadas de contra-ataque, puxando a equipe para frente, tendo muita rapidez. O jovem jogador tem passagens por Porto-PE e Flamengo de Arcoverde.
CARUARU CITY: UM ESTRANHO NO NINHO
Um dos clubes mais novos do futebol pernambucano, o Caruaru City chega para sua primeira Série A-2 com ambições altas, sendo tratado desde o começo da competição como um dos favoritos ao acesso. E não decepcionou. Mesmo terminando na quarta colocação do Grupo B na primeira fase, só acumulou uma derrota, além de marcar dez vezes e sofrer apenas três gols em seus seis jogos. Na fase seguinte, se garantiu de forma invicta na primeira colocação do Grupo C, tendo no elenco jogadores já conhecidos no cenário estadual e até nacional.

COMO ATACA
Futebol ofensivo. O Leopardo costuma se armar para os jogos num 4-2-3-1, sempre jogando com um meia armador, Candinho, e dois pontas velozes pelo lado, se aproximando do atacante mais avançado. Os laterais também possuem bastante liberdade. Com isso, muitas vezes a saída de jogo é feita pelos zagueiros e pelo volante Josa, que se infiltra entre os defensores formando uma linha de três para iniciar a construção.

Após a saída de bola, o time segue postado no 4-2-3-1 com as linhas bem ajustadas. Dependendo do adversário, costuma tentar impor o jogo, principalmente quando atua em seus domínios, mas também consegue sair em contra-ataques por conta da velocidade de seus atacantes de beirada.

COMO DEFENDE
A formação inicial também é a base para o sistema defensivo. Sem a posse de bola, a equipe do Agreste se fecha com todos os jogadores, tendo apenas o centroavante mais avançado no campo de ataque, enquanto os três homens da penúltima linha se postam logo abaixo do círculo central, buscando o primeiro combate.

Na primeira fase, sofreu apenas três gols em seus seis jogos, sendo a melhor defesa da competição nesse recorte, ao lado de Ypiranga, Ipojuca e Íbis. O desempenho do Caruaru na fase seguinte, no entanto, não manteve o mesmo nível, sendo vazado três vezes em três partidas.
PARA FICAR DE OLHO
JOSA (VOL) – Capitão e experiente. Com longa passagem pelo Náutico, o volante de 37 anos chegou ao Leopardo para ser um dos líderes do elenco, sempre atuando fortemente na marcação e também na armação das jogadas, principalmente na saída de bola. Se tornou rapidamente um dos principais jogadores do time na campanha.
Candinho (MEI) – Craque e artilheiro, Candinho já conta com cinco gols na competição, sendo o cara da equipe caruaruense. O meia, que já teve outros trabalhos de destaque no futebol de Pernambuco, até na primeira divisão, é o cérebro articulador do meio campo, além de ter uma bola parada mortal.
Grafite (ATA) – Com rodagem no Estado, Grafite é outro jogador que se destacou na primeira divisão e foi parar no Leopardo. O jogador de 26 anos tem passagens por diversos clubes de Pernambuco, como Afogados, Central e Decisão. Chamou bastante a atenção na Série A-1 de 2021 pelo Sete de Setembro, na qual, além de demonstrar velocidade, anotou um golaço na vitória sobre o Santa Cruz, em pleno Arruda.
ÍBIS: O VOO DO PÁSSARO PRETO
A alcunha de “Pior Time do Mundo” é coisa do passado. Se nos últimos anos o time estava parando na segunda fase, pela segunda temporada consecutiva o Íbis chega à fase final. Desta vez, no entanto, quer fazer diferente. Há duas décadas sem disputar a primeira divisão estadual, o Pássaro Preto vem de campanha oscilante, mas querendo voar alto.

COMO ATACA
Versátil. Assim podemos definir o ataque do Íbis nesta Série A-2. Com um 4-2-2-2 como esquema base, a equipe tem jogadores leves e muito móveis. Isso dá uma variação muito interessante ao Pássaro Preto, que já mostrou desde o 4-2-3-1 ao 3-3-4 na hora de atacar.

A dupla Kelven e Kelvenny chama atenção não só pelo nome, mas também pelo bom futebol. A versatilidade dos dois é uma das principais armas ofensivas. Podem buscar uma jogada individual ou procurarem a aproximação de João Guilherme e/ou Matheusinho. Se o jogo estiver muito amarrado pelo chão, as bolas paradas com Diego podem ser fator decisivo. Em suma, o Íbis tem um vasto arsenal para agredir seus adversários.

COMO DEFENDE
Das equipes que chegaram ao quadrangular final, o Íbis tem a segunda melhor defesa, com cinco gols tomados em nove jogos disputados. Geralmente explorando blocos médios, a equipe busca povoar todas as áreas do campo para conseguir minar a criação adversária.

Para isso, costuma performar um 4-1-4-1, com Celestino ficando entre as duas linhas de quatro e Kelvin na referência ofensiva, podendo revezar com Kelvenny. Entretanto, há um grande calcanhar de Aquiles na defesa: a bola aérea. Dos cinco tentos que a equipe sofreu, quatro vieram desta forma. O sistema defensivo tem sofrido bastante com a artilharia aérea dos adversários. E num quadrangular decisivo, cada detalhe pode ser crucial.
PARA FICAR DE OLHO
Diego (LE) – Outro bom lateral esquerdo da Série A-2 de 2021, Diego é importante não apenas com a bola rolando, dando amplitude para o setor ofensivo, mas também nas bolas paradas, onde é o cobrador oficial do Íbis. Merece uma atenção especial.
Kelvin (ATA) – Ao lado de Kelvenny, é o jogador a se ficar de olho no ataque do Pássaro Preto. O camisa 9 tem bom posicionamento e uma finalização potente. Pode funcionar como pivô, enquanto os demais companheiros se movimentam em busca de espaços.
Kelvenny (ATA) – Se o seu parceiro é mais definidor, Kelvenny costuma ser mais agudo e habilidoso com a bola no pé. Se ficar no mano a mano, facilmente pode deixar seu marcador para trás. Essa dualidade da dupla de ataque forma uma química interessante.
PETROLINA: O RUGIDO DA FERA
Um dos rebaixados da Série A-1 do ano passado, o Petrolina não titubeou ao montar o seu plantel para 2021. Com melhor ataque da A-2 até então, entra no quadrangular final como um dos favoritos ao acesso. Mesclando experiência e juventude sob comando de William Lima, a Fera Sertaneja vai rugir até o final pelo tão sonhado retorno à elite do futebol pernambucano.

COMO ATACA
Com 15 gols marcados em nove partidas disputadas, o Petrolina só passou em branco na derrota para o Caruaru City, na 2ª rodada da primeira fase. Os sertanejos não precisam de muito tempo com a bola para levar perigo. Acelerando e lateralizando as jogadas, Berg e Erick Bahia são peças fundamentais na organização ofensiva da equipe, que costuma adotar um 3-2-4-1 como base para atacar.

Além disso, Marquinhos e Ronaldo, os laterais, costumam subir em velocidade para atacar as costas da defesa. Desta forma, é bem comum que a Fera Sertaneja tenha cinco ou seis jogadores rondando a área adversária. Na referência do ataque, Júlio Carpegianne é quem não pode ter o mínimo de espaço. Assim sendo, o Petrolina possui uma gama de possibilidades e alternâncias ofensivas para confundir o sistema defensivo adversário.
COMO DEFENDE
Calo do time no início da Série A-2, o sistema defensivo da Fera Sertaneja mostrou solidez na segunda fase, onde passou ileso, sem sofrer gols nas três vezes que entrou em campo. A equipe costuma se fechar em blocos médios, podendo subir ou baixar as linhas de acordo com o momento do jogo.

Tendo como base o 4-4-2, os comandados de William Lima podem alternar para um 4-1-4-1 ou 4-2-3-1. A compactação defensiva tem sido peça-chave para que a Fera passe poucos sustos durante as partidas. Dificultando infiltrações e trocas de passe, trava muito bem o jogo. No entanto, nem tudo são flores, já que a recomposição costuma ser lenta e é quando os sertanejos ficam mais expostos.

PARA FICAR DE OLHO
Marquinhos (LE) – Agudo e inteligente, o lateral é de suma importância para o funcionamento do Petrolina, sobretudo na fase ofensiva. Costuma ser uma das principais válvulas de escape, sempre dando muita profundidade pelos lados.
Júlio Carpegianne (ATA) – Artilheiro e referência ofensiva, o atacante de 30 anos vive a melhor fase de sua carreira. Apesar de ser a referência, se engana quem acha que o camisa 9 é estático. Aliando mobilidade com boa presença de área, Júlio aparece como “homem gol”, mas também pode abrir espaços para seus companheiros. É o principal nome da Fera Sertaneja.
Arte principal: MVN Designers