Por: Felipe Holanda
Enorme. O Náutico vencia o Ituano há exatos 15 anos, fazia jus a cidade do adversário, e conquistava acesso gigantesco à Série A do Campeonato Brasileiro após 12 anos longe da elite. Nos Aflitos, o Timbu fez 2 x 0 sobre o Galo de Itu – Capixaba e Felipe balançaram as redes.
Nesta efeméride, o Pernambutático analisa o jogo, com principais posicionamentos táticos, variações, a palavra de Hélio dos Anjos, treinador da época, e muito mais do triunfo alvirrubro na Segundona de 2006.
COMO FOI O JOGO
A tarde ensolarada da Rosa e Silva ditou o ritmo inicial. O Náutico, por ora, tentava se encontrar em campo, enquanto o Ituano ensaiava abrir o placar. Com a alta temperatura, Hélio injetou ânimo no time, chamando a participação dos quatro homens de frente: o maestral Nildo, o cerebral Capixaba, o genial Felipe, e o mítico Kuki.

O Timbu começou a mostrar suas garras no 4-2-3-1, com o quarteto se movimentando para confundir a marcação adversária. Podia ter dado certo logo cedo, mas Nildo pegou muito embaixo da bola e mandou longe do gol, na primeira finalização perigosa.

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À medida em que o torcedor alvirrubro roía as unhas nas arquibancadas, o Ituano seguia perigoso, explorando as costas de Sidny, na direita, e Jaime, na esquerda, já que o lesionado Netinho foi desfalque. Marcando alto no 4-3-3, os donos da casa ficavam expostos entrelinhas, ponto que ficou claro quando Cris finalizou para assustar Eduardo.
Depois da tempestade, a bonança. O folclórico Luciano Totó passou a dar mais contenção à primeira linha e cobrir as subidas de Sidny. Na época com 22 anos, Totó formou dupla antológica com Vágner Rosa na cabeça de área, tendo ótimo aproveitamento nos desarmes.

“É sempre um prazer falar de uma conquista tão árdua, tão difícil, como foi aquele acesso em 2006. Primeiro eu sempre enalteço o grupo de jogadores, porque aquele grupo foi um grupo muito forte dentro de toda a temporada de 2006. Os jogadores que formaram o grupo vinham de uma cobrança, né? Receber uma cobrança muito grande em função dos acontecimentos de 2005. E isso também envolvia a própria direção, todo mundo recebendo uma cobrança muito grande e eles foram muito fortes”
Hélio dos Anjos, via assessoria de imprensa do Náutico
Foi daí pra melhor. Após boa movimentação do ataque, Felipe balançou as redes, levando a torcida vermelha e branca ao delírio. Azar que a arbitragem marcou impedimento milimétrico do camisa 11, adiando o grito, ao menos por enquanto.
No segundo tempo, veio o alívio alvirrubro. Kuki acionou Capixaba, que teve apenas o trabalho de completar para o gol, explodindo de vez o Eládio de Barros Carvalho. Era o reinício perfeito para os comandados de Hélio. E para Capixaba, que vinha jogando mal.
“Nós tínhamos, no jogo anterior, perdido o Kuki. Perdemos o Netinho também e a coisa ficou naquela dúvida, jogar contra um adversário que tinha uma performance muito boa, eu lembro bem. O goleiro sensacional, o André Luís. E nós mais uma vez conseguimos agrupar bem no clube. Quando eu falo clube é porque todos se envolveram com a decisão naquela semana, não fomos só nós profissionais, os grandes alvirrubros, a direção da época, todo mundo fez e procurou fazer o melhor. Foi uma semana maravilhosa no sentido preparação e mais maravilhosa ainda no sentido de performance. O time se superou, impôs, fez uma decisão limpa, mas acima de tudo com muita qualidade”
Hélio dos Anjos, via assessoria de imprensa do Náutico
À frente do placar, o Timbu seguiu pressionando, tendo os volantes se movimentado pelas beiradas e liberando espaços para os homens de meio. Tanto Luciano como Rosa se revezavam entre a primeira e a segunda posição, fazendo jogo apoiado com Sidny ou Jaime, respectivamente.

Por mais ímpeto, os laterais se lançaram ao ataque, numa clara investida de profundidade para chegar ao segundo gol e praticamente matar o jogo. Neste cenário, Vágner Rosa recuava entre os zagueiros numa saída de 3, enquanto Totó ficava mais por fora, e Nildo na criação de jogadas.

Foi aí que veio o desafogo, com sabor de bola da rede. Após bela troca de passes junto a Nildo, Felipe bateu firme de canhota, no canto esquerdo de André Luís, instaurando de vez a festa nas arquibancadas: 2 x 0. O sonho do acesso estava mais próximo do que nunca.
Restando 20 minutos, mais os acréscimos, o Náutico só precisava segurar a vantagem e exorcizar fantasmas após a derrota diante do Grêmio, no ano anterior. Em contrapartida, Hélio colocou o time para frente, lançando o veterano Sérgio Manoel, improvisado na lateral esquerda, no posto de Jaime.
O Timbu chegou a formar uma primeira linha de cinco após a substituição, tendo Totó na cobertura defensiva. Assim, fechava bem os espaços e bloqueava qualquer tipo de reação dos paulistas, que agora tinham o relógio como arqui-inimigo.

Já próximo do fim, Hélio recuou suas linhas, colocando o zagueiro Marcelo Ramos na vaga de Nildo. Foi o suficiente para segurar as investidas rubro-negras e a contagem regressiva já soava no estádio. Não era para menos. O trauma vinha sendo superado, como só os fortes conseguem.
O 3 x 0 ainda ficou no quase. Formando um 4-2-4 com a chegada de Sérgio Manoel, o alvirrubro conseguiu superioridade numérica, mas desperdiçou chance preciosa quando a defesa conseguiu recuperar a posse. Pouco depois, veio a explosão de alegria com o apito final de Antônio Hora Filho, eternizando o 18 de novembro de 2006 na memória alvirrubra.

Créditos da imagem principal: MVN Designers sobre fotos de Ricardo Fernandes