Por: Gabryele Martins e Mateus Schuler
Clássico das definições. Ainda no sonho pelo acesso, o Sport encara um Náutico que busca adiar ao máximo o rebaixamento. Confronto pernambucano entre Leão e Timbu, válido pela 32ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, será disputado na Ilha do Retiro, às 21h45 desta quarta-feira (28).
Nesta análise, o Pernambutático destrincha o que esperar de rubro-negros e alvirrubros, com principais movimentações táticas, números, modelos de jogo de cada treinador, os candidatos a protagonistas, e muito mais.
SPORT: AGORA OU NUNCA
Sem novos desfalques para a partida contra os arquirrivais, seja por lesão ou suspensão, os leoninos deverão ter a manutenção da equipe titular que foi a campo na derrota para o Grêmio. A única modificação que poderá ocorrer é na lateral-direita, já que Eduardo e Ewerthon disputam uma vaga entre os 11 iniciais no 4-4-2 de Claudinei Oliveira.

ATAQUE
Evolutivo. Dos 24 gols marcados pelo Sport nesta Segundona, 11 foram desde a chegada de Claudinei Oliveira, o que dá média exata de um por partida. Os rubro-negros, apesar de apresentarem evolução, possuem o pior número da história na competição durante a era dos pontos corridos. Muito da melhora se deve à mudança no sistema tático, já que o time tem iniciado mais num 4-4-2 de base, abdicando do 4-2-3-1 usado outrora.

Quando estão com a bola, os leoninos costumam ter o 4-1-3-2 para chegar ao ataque, variando ainda ao 4-3-3 deixando um dos centroavantes caindo na beirada. A alternativa, se precisar aumentar a ofensividade, é formar um 4-2-4, buscando povoar o último terço do campo e dar velocidade de lado, o que faz os meio-campistas ajudarem na transição e na criação.

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O baixo aproveitamento das finalizações é o maior reflexo da produtividade. Nos 31 jogos disputados até o momento, foram 407 chutes — quinto maior na competição — e apenas 112 certos, equivalentes a 27,5% do total. Além disso, o Leão é o quarto time que menos chuta no alvo por jogo, tendo média de 3,6 e possui vantagem somente para Ponte Preta (3,58), CRB e Operário (3,55), e Tombense (3,29).
DEFESA
Antes referência na Série B, hoje a defesa dos rubro-negros não consegue ter a mesma solidez. Ainda assim, figura entre as melhores do campeonato, pois foi vazada por 25 oportunidades no total, sendo 17 apenas no returno. Como mandante, os números contrastam mais, já que o sistema defensivo, ao lado do Cruzeiro, teve apenas quatro gols em sua meta, que o faz ser o melhor no quesito.
A mais comum dentre as alternâncias usadas por Claudinei Oliveira é usar a tática-base, formando blocos médios/altos para tentar recuperar a posse já de imediato. Em outras situações, pode baixar as linhas, mas com o intuito de contra-atacar e apostar na velocidade pelos lados, buscando ter o máximo de compactação possível.

Caso queira impedir a troca de passes do Timbu e fechar melhor os espaços, a equipe da Praça da Bandeira pode performar no 4-5-1. Dessa maneira, um dos centroavantes — geralmente Vagner Love — recua para ajudar os meio-campistas na marcação, deixando os volantes próximos à primeira linha e os armadores junto a Love.

DESTAQUES
Fabinho (VOL) – Sustentação. Pilar do meio-campo do Sport, o volante usa a experiência como um de seus principais trunfos, mostrando evolução desde a chegada. Apesar da estreia não ter sido positiva, o cabeça de área tem se destacado a cada jogo, fazendo mais de uma função e demonstrando ser capaz de encaixar conforme as variações.
Gustavo Coutinho (ATA) – Finalizador. Contratado após se destacar com a camisa do Botafogo-PB, o centroavante tem formado uma boa dupla junto a Vagner Love e busca se consolidar como titular após lesão sofrida por Kayke. Diante do Bahia, quando fez sua estreia entre os 11 iniciais, assinalou o gol da vitória, assim como no jogo contra o Novorizontino; até o momento, já deu 1,6 finalizações por partida.
NÁUTICO: ADIAR O DRAMA
Ainda que Dado Cavalcanti tenha dado uma nova cara ao Timba, o time não tem correspondido totalmente dentro de campo, tendo o rebaixamento bem próximo. E o objetivo no clássico é prorrogar a queda, buscando permanecer vivo por mais tempo, apesar de ter ao menos uma alteração: zagueiro Arthur Henrique, suspenso, vê Wellington — saindo da transição — e Diego, criado na base, surgirem como substitutos no 4-2-3-1.

ATAQUE
Inconstante. Ainda que ocupe a lanterna, o Náutico já balançou as redes por 26 vezes, ficando à frente do arquirrival e dos outros três times que estão no Z-4. Muito desse número ruim se deve às finalizações resultantes em gol, pois a equipe é a sexta que mais chuta certo (140) e a quinta no aproveitamento geral, somando 35,1%.

Ao ter a posse, o Timbu costuma ter poucas alternâncias e uma delas é usar a tática-base, contando ainda com o apoio dos laterais na criação. Assim, o time ganha em dinâmica pelo meio, tendo os extremos caindo por dentro e o centroavante fica mais móvel, buscando confundir a marcação adversária e usar jogadas velozes.
Caso queira apostar em maior troca de passes, Dado Cavalcanti pode fazer o time se postar num 4-3-3, mantendo a intensidade ofensiva. Desse modo, no entanto, os meio-campistas ficam mais próximos e o atacante ganha um suporte pelos lados. Os alas ficam mais livres para se movimentarem, tendo a possibilidade também de uma ligação direta vinda dos zagueiros.

DEFESA
Frouxidão. Se o Náutico está na lanterna, o principal problema é sua defesa. A equipe não conseguiu engrenar no setor desde o começo do campeonato e, até o momento, foram 47 gols sofridos, o pior de toda a Segundona; segundo mais negativo é o Operário, com o sistema defensivo vazado em 38 vezes na competição.

Além desse número ruim, o Timbu mostra problemas no setor, já que é quem mais cede finalizações certas (160), gerando uma média de 5,16 por partida e 36,3% de 441. Por conta do 4-2-3-1 de base, que varia ao 4-3-3 com bastante frequência, o mais comum é a formação de um 4-5-1 nos momentos de fase defensiva.
Outra alternância é compor duas linhas de 4 num 4-4-2 de blocos médios, o que faz Jean Carlos se juntar ao centroavante e tentar o desarme já do meio para frente. Os extremos ficam alinhados aos demais meio-campistas, com a compactação se aproximando dos laterais e zagueiros, responsáveis pelo último combate.

DESTAQUES
Souza (MC) – Experiência. Contratado durante a Segundona para melhorar a transição do meio para o ataque, voltou ao Náutico após nove anos e vem se destacando desde a volta, tanto na bola parada como nas jogadas criadas. O meio-campista já criou cinco grandes chances, dando 19 passes decisivos e uma assistência.
Jean Carlos (MEI) – Passador. Apesar de viver a pior temporada pelo Timbu, o armador ainda consegue ser um dos principais nomes da equipe na Série B. O camisa 10 criou seis grandes chances e deu dois passes para gol de seus companheiros, além de 61 passes decisivos, o terceiro neste quesito. É ainda o maior finalizador da competição, dando 83 finalizações, resultadas em dois gols.
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