Jair Ventura passou por altos e baixos nos 11 jogos que comandou o Sport na Série A do Campeonato Brasileiro. No início de sua passagem, o treinador conseguiu resgatar o brio leonino. Depois, deslanchou e acabou levando o time às primeiras posições do Brasileirão. Num recorte recente, porém, o rubro-negro já apresenta um declínio tático e organizacional.
Nesta análise, o Pernambutático disseca este primeiro periódo de Jair Ventura no time da Ilha do Retiro, apontando alguns pontos positivos e negativos, além de destacar como o Sport pode evoluir e reencontrar o bom futebol de outrora.
O RESGATE
Em pouco mais de um mês e meio no Sport, Jair Ventura acumula cinco vitórias, um empate e cinco derrotas, com um aproveitamento de 48%. Sua estreia foi diante do Coritiba, no Couto Pereira, pela sexta rodada da Série A. Na ocasião, o Leão acabou derrotado por 1 x 0, mas conseguiu demonstrar um bom futebol e renovar as esperanças da torcida.
Diante do Coritiba, o Sport entrou em campo num 4-3-3 defensivo, buscando ser reativo, mas sem valorizar muito a posse. Pelas pontas, Jonathan Gómez e Marquinhos revezavam bastante de lado e o time às vezes se formava num 4-4-2, com Élton por dentro.

Quando o Coxa tinha a bola, o Sport de Jair se postava numa espécie de 4-4-1-1, com Marquinhos e Elton mais à frente, posicionados para um possível contra-ataque. Dessa forma, o Leão marcava por zona e preenchia bem os espaços pelos lados do campo, travando os paranaenses.

Ofensivamente, Jonathan Gómez era o principal encarregado da armação de jogadas no meio de campo. Além disso, o Sport contava com Ricardinho aparecendo como elemento surpresa na direita, com Marquinhos dando opção no lado oposto. Ricardinho quase marcou na sequência do lance. Wilson defendeu.

O Sport teve a grande chance de marcar graças ao talento de Lucas Mugni. O argentino aproveitou que o Coritiba marcou por zona e deu lindo passe para Élton, que acabou desperdiçando grande chance. No fim, custou caro, com o Coxa marcando o único gol do jogo após pênalti infantil de Mailson.

A primeira grande atuação do Sport de Jair Ventura foi diante do Grêmio, na vitória por 2 x 1 em Porto Alegre. Na ocasião, o rubro-negro se postou no 4-3-2-1, utilizando muito as subidas dos laterais, principalmente Patric pela direita.

Foi justamente numa investida de Patric que o Sport furou o bloqueio do Grêmio e abriu o placar. Betinho deu lindo passe, quebrando linhas, e o capitão leonino chegou para marcar um belíssimo gol na Arena.

Atuando no 4-3-2-1, o Sport costuma deu poucos espaços para os homens mais perigosos do ataque do Grêmio. Em especial, Diego Souza. O ex-camisa 87 do Leão teve atuação apagada, com Adryelson sendo absoluto na marcação, enquanto Maidana se aproximava mais de Thiago Neves.

Bem defensivamente, o Sport chegou ao segundo gol no jogo. Marcando alto e pressionando a saída de bola gremista, Barcia foi derrubado na área e o árbitro marcou pênalti, que Maidana converteu. Antes do apito final, o Grêmio ainda diminuiu com Pepê.

Contra o Goiás, na Ilha, Ventura repetiu a mesma escalação e variou entre o 4-3-2-1 e o 4-3-3, continuando com muita amplitude dos laterais. Dessa vez, foi Juba quem apareceu bem no ataque: lançou para Marquinhos em profundidade e o gol por pouco não saiu.

Vendo o espaço para quebrar as linhas do Esmeraldino pela esquerda, Juba fez grande jogada e deu sua primeira assistência para gol no Brasileirão. Driblou o marcador, cortou para a perna de direta, e Barcia, mesmo sem ângulo, marcou um belo gol para inaugurar o placar.

O gol de empate veio numa falha de quem menos se espera: o centroavante, que tem o ofício de marcar gols a favor. Na ocasião, marcou contra, mesmo com os jogadores do Goiás distantes, com nove homens do Sport contra cinco do Esmeraldino na grande área.

A vitória veio após mais uma boa participação de Barcia, que iniciou a jogada do 2 x 1. O uruguaio recebeu de Ricardinho e, mesmo com a marcação dobrada, acionou Patric, que cruzou para o gol de Marquinhos. Mais uma subida expressiva dos laterais, a síntese dos primeiros jogos de Jair Ventura no Sport.
A derrota para o Fortaleza custou pontos, mas serviu para dar um alento ao Sport. O Leão não se postou bem defensivamente, atuando no mesmo esqueleto tático (4-3-2-1), mas com Barcia no lugar de Gómez pela direita do ataque.

Defensivamente, o Sport chegou a formar praticamente uma linha de cinco inicial, com Betinho recuando. Frequentemente bem postado, o Leão só foi vazado com um gol de pênalti, que selou o resultado.

A DESLANCHADA
O Venturismo começou a ganhar corpo no Sport após a boa atuação diante do Palmeiras, no empate em 2 x 2. Em campo, com Mugni no meio, o Leão chegou a se postar no 4-5-1 para minimizar as investidas do alviverde.

O Leão abriu o placar numa aula de amplitude com os laterais. Sander avançou pela esquerda e Patric acabou derrubado na grande área: pênalti. Maidana cobrou e fez.

Após duas falhas defensivas do Sport, o Palmeiras virou a peleja, com Willian e Zé Rafael. Mesmo assim, o time de Jair Ventura chegou ao empate e deu indícios de uma reação que estava por vir.
Jair chegou ao seu primeiro jogo sem sofrer gol pelo Sport na vitória pelo placar mínimo ante o Fluminense, na Ilha. Na ocasião, o time atuou num 4-3-3 em bloco baixo, com pontas jogando por fora.

Maidana abriu o placar em cobrança de pênalti e mesmo assim o Sport continuou pressionando a posse de bola do Flu no campo de ataque. Hernane apertou e por pouco o Leão não fez o segundo gol no jogo.

À frente no placar, o Leão de Jair Ventura se fechou com todos os jogadores no campo de defesa, marcando por zona e utilizando triangulações para minimizar as investidas do tricolor carioca.

No confronto com o Corinthians, o Sport contou com a estreia de seu principal reforço para a temporada: Thiago Neves. Com o camisa 30, a equipe de Ventura se postou no 4-2-3-1 como base, tendo Neves e Hernane por dentro, Gómez e Mugni por fora e Marcão e Ricardinho como volantes.

Nas pontas do Leão, Mugni e Gómez revezavam bastante de lado no momento da recomposição defensiva, tentando diminuir os espaços e minimizar as subidas dos laterais do Corinthians.

A primeira chance de Thiago Neves veio em boa jogada pela direita, com Patric. O camisa 30 recebeu em boas condições para o arremate, mas foi bloqueado pela defesa do Timão. No lance seguinte, o árbitro marcou pênalti e Maidana cobrou mais uma vez com categoria para abrir o placar na Ilha.

Com a vantagem, o Sport se fechou ainda mais no segundo tempo, se postando no 4-5-1 defensivamente, com o meio de campo bastante povoado. Dessa forma, o Leão chegou aos três pontos.

Após duas atuações seguras e sem sofrer gols, o Sport chegou em alta para o embate com o rival Bahia. No campo, o Leão se postou no mesmo 4-2-3-1 de base, tendo Mugni auxiliando Thiago Neves na criação de jogadas e Marquinhos, por vezes, fazendo a função de segundo atacante.

O Sport abriu o placar em mais uma boa investida de Patric pela direita. O lateral-direito ficou com o rebote, entrou na grande área e sofreu pênalti. Na cobrança, Hernane bateu no canto esquerdo de Douglas e fez 1 x 0.

Melhor em campo, a equipe de Jair Ventura ampliou com a primeira assistência de Thiago Neves pelo Leão. O camisa 30 cobrou falta na área, Marcão conseguiu vencer a marcação e testou para o gol.

Com a dianteira no placar, o Sport voltou a marcar por zona, utilizando triangulações como aconteceu contra o Fluminense. O Bahia respondeu e conseguiu diminuir, mas a reação não passou daí.
O DECLÍNIO. INEVITÁVEL?
Quando o Sport vivia sua melhor fase no Brasileirão, aparecendo na quinta colocação, o aperreio começou para a torcida leonina no confronto com o Flamengo. Diante do rival de 1987, o time de Jair repetiu a escalação e o mesmo 4-2-3-1.

Nas quatro linhas, o Leão não viveu noite inspirada taticamente. Deu muito espaços pelas laterais e foi justamente por lá que o rubro-negro carioca começou a construir os caminhos da vitória.

O primeiro gol do Fla nasceu de uma jogada de Isla pela direita. A defesa leonina se posicionou mal, Bruno Henrique escorou e Pedro bateu firme para vencer Luan Polli e abrir o placar no Maracanã.

A equipe da casa ampliou com Gustavo Henrique, de cabeça, e frustrou um esboço de reação do Sport. O golpe final veio em mais uma falha defensiva leonina. Pedro aproveitou o espaço dado pela marcação e deixou mais um, selando o 3 x 0.

Tentando se recuperar da derrota para o Fla, o Sport recebeu o Botafogo na Ilha postado no mesmo 4-2-3-1. A novidade na escalação de Jair Ventura foi o retorno de Barcia entre os titulares, com Thiago Neves mais uma vez de falso 9.

Com TN30 atrás de Hernane, o Leão chegou a se postar no 4-4-1-1, com duas linhas de quatro que tentavam frear o ímpeto do Botafogo no meio de campo. Por outro lado, o time tinha uma transição ofensiva muito lenta e não conseguia levar perigo à meta de Cavalieri.

O Bota conseguiu abrir o placar numa falha medonha do goleiro Luan Polli. O camisa 27 tentou sair jogando com os pés, mas deu um presente para Honda. Frio e calculista, o japonês finalizou com categoria de canhota e estufou as redes leoninas.

O Sport continuou dando espaços na marcação e quase os cariocas fizeram o segundo. Honda aproveitou a falha na marcação leonina, recebeu bela enfiada de bola e por pouco o gol não saiu.

Ofensivamente, o Leão era pouco produtivo. Numa das poucas chances que teve, Marquinhos recebeu belo passe de Thiago Neves na esquerda e bateu cruzado, mas a zaga do Bota fez o corte.

O balde de água fria para o Leão veio em mais um vacilo defensivo. Caio Alexandre foi acionado, pisou na grande área e bateu na saída de Polli para fazer 2 x 0. Ainda houve tempo para Thiago Neves marcar seu primeiro gol com a camisa do Sport, mas de nada adiantou.

A atuação mais preocupante do Sport de Jair Ventura foi na última rodada, quando o time foi derrotado impiedosamente pelo Internacional por 5 x 3. Diante do Colorado, o Leão voltou a se postar no 4-2-3-1.

O Sport voltou a apresentar linhas tortas na defesa e não demorou para o Inter chegar ao primeiro gol. Patrick, ex-Leão, avançou pela esquerda, fez grande jogada e fuzilou para a meta leonina para fazer 1 x 0.

A equipe gaúcha ampliou em mais um cochilo da zaga rubro-negra. Abel Hernández aproveitou a desorganização da marcação do Sport na grande área após cruzamento da direita e fez o segundo do Inter.

Na sequência, Marquinhos e Rodrigo Moledo fizeram de cabeça, marcando o primeiro do Sport e o terceiro do Inter, respectivamente.
O Leão conseguiu fazer uma boa triangulação ofensiva para chegar ao segundo gol no jogo. Após troca de passes entre Marquinhos e Mugni, Barcia bateu firme no ângulo de Marcelo Lomba e diminuiu.

Com o gol, o Sport cresceu ofensivamente e quase chegou ao empate. Defensivamente, porém, a noite era desastrosa e Patrick guardou mais um após assistência de Thiago Galhardo, que havia saído do banco de reservas.

No fim, Yuri Alberto ampliou e o atacante Mikael, da base leonina, descontou para os pernambucanos, fechando a contagem e 5 x 3 para o Colorado.
Neste domingo (18), o Sport de Jair terá mais um duelo duro na Série A, contra o Bragantino, no Nabi Abi Chedid, pela 17ª rodada do Brasileirão. Atualmente, o Leão é 10º colocado com 20 pontos ganhos.
Por: Felipe Holanda